Descrição:
DIAS, Adriana Muniz
Nesta dissertação propõe-se uma busca por respostas para a seguinte questão: como pensar a si mesmo, sobre o próprio pensamento e potencializar-se combatendo o sistema de juízos para produzir novos modos de existência? A saída encontrada para este problema é a de uma ética da experimentação, afirmada pela filosofia de Deleuze e Guattari, cruzando seus pensamentos com a literatura de Marcel Proust e as experimentações do Projeto Escrileituras: um modo de ler-e-escrever em meio à vida. Primeiro, trata-se do combate entre a ética e a moral no pensamento deleuziano. Enquanto a moral põe a vida em servidão, a ética, como experimentação, torna possível a produção de novos processos de subjetivação que permitem a produção de regras facultativas, as quais poderão guiar o modo de existência desejado, pautadas no critério de uma vida potente. O Ensino de Filosofia é concebido também como uma experimentação e pensado com as ferramentas conceituais da filosofia da diferença na educação, por meio do Projeto Escrileituras. Uma segunda tarefa, é a de apresentar, a partir da leitura deleuziana da obra Em busca do Tempo Perdido, a Recherche, o caso Proust como uma experimentação ética na literatura. A partir da maquinaria proustiana evidencia-se a preocupação, tanto de Proust quanto de Deleuze, com a criação de processos de subjetivação para liberar o pensamento das amarras da abstração, de uma transcendência que impede a vida. Também o Projeto Escrileituras é apresentado como uma maquinaria, um caso de invenção de processos de subjetivação, experimentação. Como terceira tarefa, apresenta-se a inversão operada no Anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia 1, acerca do inconsciente, o qual passa a ser compreendido como fábrica e o desejo como produção. Estabelece-se uma relação entre a loucura tratada na obra de Proust e o processo esquizo, do modo como é pensado por Deleuze e Guattari. Através de personagens da Recherche, se mostra como Proust os faz escaparem da subjetividade, em prol de intensidades que se dão em agenciamentos coletivos: Marcel como corpo sem órgãos, Albertine e Charlus como devir louco. Toma-se, por fim, o sentido de experimentação como processo de retirar-se, viajar para o lugar que Deleuze e Guattari chamam de “deserto”, experimentação de si mesmo, intensidade de fluxos, linhas moleculares capazes de fazer sentir de outras maneiras e com força suficiente para operar diferentes modos de existir, escapando do sistema de juízos.
Palavras-chave: Ética. Experimentação. Modos de existência. Escrileituras. Ensino de Filosofia.
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