Descrição:
FEIX, Silvane Deila
Esta pesquisa tem como foco principal a investigação relacionada às políticas linguísticas e a gestão de línguas em região de fronteira, e justifica-se pelo fato de que, apesar de o Brasil ser considerado um país monolíngue, onde pouco se discute sobre as tantas outras línguas existentes em seu território, contrapõe-se ao fato de ser um país que recebeu e recebe grupos e pessoas de várias partes do mundo e faz fronteira com tantos países que possuem idioma, cultura e costumes diferentes, além das línguas indígenas e de sinais que se apresentam no país. Foz do Iguaçu- PR é uma cidade localizada no extremo oeste do PR, Brasil, possuindo uma grande diversidade de grupos étnicos provenientes de diversas partes do mundo, destacando-se entre eles a descendência/imigração de italianos, árabes, alemães, haitianos e “hispânicos”, estes provenientes principalmente dos países que fazem fronteira com a cidade brasileira: Paraguai e Argentina. Devido à localização da cidade, é comum a interação diária entre os habitantes destes três países, tanto em situações informais, como em relações econômicas, o que faz com que estes tenham que encontrar formas de comunicação eficientes para que esta interação seja satisfatória. Desta forma, a fim de entender esta relação entre língua, cultura, diversidade e educação é que se estabeleceram os objetivos desta investigação, que se determinam em analisar as políticas linguísticas e a gestão de línguas existentes nas práticas pedagógicas nas aulas de língua adicional em uma comunidade considerada bilíngue (Foz do Iguaçu/Brasil e Puerto Iguazu/Argentina), por meio do PEIF (Programa de Escolas Interculturais de Fronteira). Para tanto, pautou-se em levantar fontes bibliográficas acerca das políticas linguísticas e línguas de fronteira no estado do Paraná; analisar como a língua espanhola e portuguesa são gerenciadas na sala destas escolas participantes do PEIF, buscando responder às seguintes perguntas: Quais são as línguas em que os alunos de escolas em cidade de fronteira interagem? Qual idioma utiliza o professor em suas aulas? Como o professor atende as necessidades cotidianas com relação à língua adicional, tendo em vista seu contexto de diversidade linguística e cultural? Como é organizado o trabalho pedagógico no PEIF? Como os professores do PEIF definem o papel das línguas neste contexto? O aporte teórico da pesquisa segue os estudos de Berger (2015), Calvet (2002, 2007), Orlandi (2007), Krause-Lemke (2010), Rajagopalan (2013), Sturza (2006), entre outros, e a geração dos dados foi por meio da pesquisa bibliográfica e a pesquisa etnográfica e sociolinguística para assim compreender o processo de ensino/aprendizagem e os papéis das línguas que circulam em regiões de fronteira. Por meio deste estudo foi possível, portanto, verificar que as políticas monolíngues adotadas no Brasil exercem ainda grande impacto no país sendo um fator desfavorável no que se refere à promoção e valorização das diferentes línguas que circulam neste território. O PEIF se apresenta como uma política linguística idealizada especificamente para a região de fronteira, o qual precisa de atenção a fim de que haja o seu fortalecimento e a permanência de seu funcionamento. No que se refere à gestão de línguas dentro da sala no PEIF, contata-se que o professor, que neste caso exerce certo poder na condução das atividades em sala de aula, é o responsável pelos caminhos a serem adotados como estratégias de fala e de comunicação entre ele e os estudantes, buscando, na maioria do tempo, o uso da língua materna dele e adicional dos alunos, fato que corrobora um dos objetivos do PEIF, programa que, além do intercâmbio cultural entre países fronteiriços, visa também o contato com a língua do outro. Desta forma faz-se necessário reconhecer que a diversidade cultural na fronteira é evidente, e que as línguas que circulam neste multifacetado ambiente devem ser consideradas em suas especificidades. Para tanto, é essencial a existência e aplicação de políticas que reconheçam este ambiente multilíngue e multicultural.
Palavras-chave: Políticas linguísticas. Gestão de línguas fronteira. PEIF.
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