Descrição:
BATISTA, Valdirene Barboza de Araújo
na esfera das pesquisas sobre literatura juvenil brasileira contemporânea, esta tese de doutoramento tem como objeto de estudo 42 narrativas de autoria da escritora paulista Giselda Laporta Nicolelis (1938) que circulam sob essa rubrica. No contexto desta investigação, os títulos escolhidos são agrupados em três grandes categorias narrativas (narrativas de aventura, narrativas sociais e narrativas psicológicas), segundo os moldes propostos por Ceccantini (2000). Com o objetivo de alcançar uma compreensão geral do universo ficcional criado por Nicolelis, o trabalho acompanha a jornada dos heróis nicolelianos, realizando uma análise sistemática dos elementos temáticos e formais das narrativas que compõem o corpus, bem como discute questões relativas à produção, circulação e consumo da literatura juvenil dessa escritora, sob o amparo teórico de Pierre Bourdieu (2007) acerca do mercado de bens simbólicos. Essa análise evidenciou que as narrativas da escritora são representativas de certa linhagem da literatura juvenil brasileira de cunho realista/verista (Zilberman, 2003), em que os heróis (e, por extensão, seus leitores) são lançados na jornada contemporânea das mazelas sociais oriundas do subdesenvolvimento da sociedade brasileira – na sua vertente urbana, capitalista e industrializada –, estando sempre afastados das posições de poder. Na tentativa de resolver problemas sociais indissolúveis, guiados por um narrador de visão adultocêntrica, os heróis são inseridos no contexto de dicotomias que perpassam a literatura infantojuvenil desde suas origens. Dentre elas, são destacadas: a assimetria adulto/criança; discurso utilitário X discurso literário; realismo X fantasia; normatividade X ruptura. Ainda que se note a tentativa de inovação no nível temático, a presença preponderante de padrões literários tradicionais no nível formal faz com que essas narrativas não ultrapassem geralmente certos propósitos pedagogizantes. Assim, Nicolelis, ainda que almejando libertar e conscientizar seus leitores, muitas vezes, não alcança, no plano literário, a representação do homem em toda sua humanidade, enclausurando seus heróis na permanência do status quo social contemporâneo. Além dos pesquisadores já mencionados, a pesquisa tem como referencial teórico estudos desenvolvidos por Candido (1972; 2011), Perrotti (1986), Campbell (1997), Novaes (1984; 2000; 2006), Colomer (2003), Cruvinel (2009), Luft (2010), Souza (2015), Vogler (2015), entre vários outros.
Palavras-Chave: Literatura juvenil brasileira. Giselda Laporta Nicolelis. Jornada do herói. Verismo. Discurso utilitário.
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