Descrição:
NUNES, Maristela Aparecida
Muito embora neste início de século XXI estudos das mais diversas áreas tenham proporcionado um conhecimento mais amplo do desenvolvimento infantil, ainda não é garantido à criança o direito de ter seus interesses e especificidades devidamente reconhecidos. Ademais, observa-se que dentro da instituição escolar, a criança, assim como a biblioteca escolar - elementos fundamentais do processo educativo - encontram-se igualmente desvalorizados. Contudo, estudos da área da infância apoiados nos pressupostos da Sociologia e Antropologia da infância (1990), apontam para a necessidade de se olhar as crianças com outros olhos, considerando-as como produtoras de história e cultura, pensadas na construção das relações sociais. Similarmente, a biblioteca escolar precisa ser ressignificada como um local de incentivo à leitura, construção de conhecimento, da cultura, do estímulo ao gosto pela leitura e de constituição dos sujeitos críticos. Diante do exposto, esta pesquisa se justifica pelo necessário desenvolvimento da consideração da cultura infantil, da escuta e do reconhecimento dos interesses das crianças, assim como também da compreensão das crianças como sujeitos ativos nas práticas educacionais -que consideramos imprescindíveis no âmbito escolar quanto no social - e pela vivência profissional da pesquisadora como educadora atuante em uma biblioteca escolar. Assim, objetivamos com este estudo, reconhecer e problematizar a percepção da biblioteca do ponto de vista das crianças. Esse objetivo maior se desdobrou em outros: apresentar questões históricas e as potencialidades da biblioteca escolar, oportunizar à criança expor suas ideias sobre a biblioteca escolar, identificar como estáorganizado o espaço da biblioteca na instituição pesquisada e quais práticas são ali desenvolvidas. Esta pesquisa construiu-se mediante um estudo bibliográfico e de campo. Nos pautamos na literatura da área da infância e da biblioteca escolar. Por caracterizar-se de natureza qualitativa, nos firmamos nos postulados de Ludke e André (1986), Fazenda (2008) e Triviños (2009). Os procedimentos metodológicos adotados foram a entrevista semiestruturada sob os postulados de Manzini (2003) e Kaufmann (2013) e a observação (in loco) do espaço físico da biblioteca, sendo que o tratamento dos dados se assentou na análise de conteúdo (BARDIN, 2011). Os sujeitos da pesquisa foram crianças, estudantes dos anos iniciais do Ensino Fundamental, sendo que a coleta de dados aconteceu na biblioteca de uma escola municipal da cidade de Guarapuava/PR. De forma geral, as conversas com as crianças nos revelaram que elas gostam de frequentar a biblioteca e que gostariam de ir mais vezes a esse espaço, que a biblioteca é um lugar de silêncio, que exige imobilidade, e que elas possuem o desejo de poderem manusear mais os livros tal como o empréstimo domiciliar. Este estudo nos possibilitou reconhecer que, muitas vezes, a criança é silenciada na escola e sua participação limita-se a ficar sentada e calada. Além disso, percebemos que a própria existência ou ausência da biblioteca no interior da escola evidencia uma concepção de ensino, de criança e de formação humana.
Palavras-chave: Biblioteca escolar. Educação. Infância. Pesquisa com crianças. Leitura.
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