Descrição:
CARDOSO, Julia do Carmo Pabst S.
Investigou-se nessa pesquisa a utilização e a significação dos espaços de dois diferentes bairros da cidade de Curitiba por crianças pertencentes à rede pública e privada de ensino. Essa escolha partiu da necessidade de entender como crianças, sendo atores sociais e sujeitos de direitos, tecem formas de viver em contextos espaciais desiguais. Partiu do seguinte problema de pesquisa: onde e como crianças tecem suas redes de interdependência e dão significados aos espaços do bairro e da cidade morando em regiões diferentes de Curitiba e, mais especificamente, sendo estudantes de escola pública ou privada? Realizou-se conversas com crianças de duas escolas públicas e duas escolas privadas dos bairros Tatuquara e Campo Comprido e observação em áreas verdes desses bairros. Utilizou-se como referencial teórico autores da Sociologia como Norbert Elias (conceitos de sociedade, indivíduo e rede de interdependência); da Sociologia da Infância como Sarmento (criança sendo sujeito de direitos e infância como construção social) e Corsaro (criança sendo produtora de cultura); da Sociologia Urbana e da Geografia como Castells (espaço como expressão da sociedade) e Lefebvre (conceito de urbano e direito à cidade) e, para discutir a desigualdade permeando as relações sociais na sociedade contemporânea, utilizou-se das discussões de Bauman, Noguera e Reygadas. Após a análise dos dados (Bardin), verificou-se quatro indicadores: o medo, o consumo, o brincar e a desigualdade. Depois, organizou-se a rede de interdependência (Elias) de uma criança de cada escola. Quanto aos resultados, evidenciou-se que, Curitiba também é desigual para as crianças e, dessa forma, as tessituras de suas redes são influenciadas por essa desigualdade. A cidade oferece mais oportunidades de lazer e cultura para as crianças da parte norte e central da cidade, pois há vários espaços consolidados e turísticos nesses bairros. Contudo, para as crianças do sul de Curitiba (principalmente do extremo sul) há uma menor diversidade de espaços públicos e esses, muitas vezes, estão em condições precárias. As crianças das escolas públicas e privadas vivem vidas distintas e dão significados diferentes para os mesmos lugares do bairro e da cidade de Curitiba. Nota-se que, mesmo estudando em escola pública, as crianças do bairro Campo Comprido conseguem ir a mais lugares da cidade do que as crianças da escola privada do bairro Tatuquara. As oportunidades de socialização das crianças curitibanas são distintas dependendo da localização da sua moradia e das configurações econômicas e sociais a que pertencem.
Palavras-chave: Crianças. Espaço urbano. Desigualdade. Curitiba. Escolas públicas e privadas.
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