Descrição:
BRAZ, Evodia de Souza
O presente estudo foi realizado na região de fronteira Brasil / Venezuela, mais precisamente no município brasileiro de Pacaraima, localizado no extremo norte do estado de Roraima. Objetivando analisar representações sobre línguas e nacionalidades, a pesquisa focou a área comercial turística da cidade de Pacaraima, no perímetro urbano do município. Desenvolvido nos limites fronteiriços com Santa Elena de Uairén, cidade venezuelana, o comércio de Pacaraima representa a principal atividade econômica da cidade e o primeiro ponto de encontro entre brasileiros e hispânicos, sobretudo venezuelanos e peruanos. A pesquisa, interpretativista e de cunho etnográfico, foi viabilizada, nesse contexto bilíngue, através de conversas informais (registradas em notas de campo), de entrevistas semi-estruturadas (gravadas em áudio) e de registros fotográficos. As perguntas de pesquisa que orientaram a análise dos dados foram: a) De que forma as identidades nacionais são representadas pelos participantes da pesquisa, isto é, pelos comerciantes brasileiros da fronteira Brasil / Venezuela? e b) Que representações são construídas pelos comerciantes brasileiros da fronteira Brasil / Venezuela acerca das línguas utilizadas no comércio, português e espanhol, e de suas diferentes variedades? Utilizando contribuições teóricas de diferentes áreas (Linguística Aplicada, Estudos Culturais, Antropologia e Sociologia), foram discutidos os conceitos de língua (COX e ASSIS-PETERSON, 2007; CESAR e CAVALCANTI, 2007), identidade (CUCHE, 2002; HALL, 2006; BAUMAN, 2005), nacionalidade (BERENBLUM, 2003) e representação (HALL, 1997). A análise realizada sugere que embora a brasilidade seja vista positivamente no confronto com outras identidades nacionais, a identidade dos brasileiros da região é percebida como frágil e conflituosa quando construída tendo como referência os problemas locais. De forma análoga, atribui-se um valor positivo à língua portuguesa quando essa é comparada ao espanhol, em suas diferentes variedades, embora esse prestígio diga respeito a uma variedade outra que não ao português utilizado na região. No que se refere às representações acerca da língua espanhola, há evidências de que as variedades mais distantes dessa língua (a variedade peninsular e a variedade utilizada em Caracas) são as únicas que têm prestígio, já que o espanhol local é estigmatizado
Palavras-chave: Bilinguismo português/espanhol. Identidades. Fronteira.
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