Resumo: Este trabalho procura compreender a construção do estigma de marginalidade imputado a um bairro da periferia de Curitiba considerado “bairro violento” e a forma com que os diversos grupos de moradores convivem com tal fenômeno. Com a intenção de desvincular-se do estigma, as lideranças formalizadas do bairro apresentam estratégias discursivas que remetem à situação de violência para o passado ou quando a admitem no presente, a violência é recorrentemente atenuada. Investigando o histórico da urbanização do bairro, este revelou uma conformação social que remete à configuração estabelecidos-outsiders referida por Norbert Elias. A imputação do estigma entretanto, não incide sobre o bairro apenas a partir de agências externas como a mídia e as várias instâncias do Estado, mas demonstrou operar como forte sistema de hierarquização e constituição de identidades entre os grupos internos.