O trabalho tenta descrever, numa visão um tanto quanto panorâmica, também no plano histórico, as diferentes facetas da relação “línguas africanas – língua portuguesa” no Brasil. Instaurada há séculos e inscrita no próprio coração do tráfico, ela desenvolveu-se no Brasil num jogo de alternâncias e de contatos linguísticos em que as línguas africanas exerceram, sucessivamente, um papel cada vez menos determinante em face daquele preenchido pela língua portuguesa. Elas passaram de um estatuto inicial de língua plena e generalizada (quimbundo), primeiro, ao de língua veicular e pidginizada (“mina”), em seguida ao de língua veicular (iorubá) geograficamente circunscrita e limitada a um contexto plurilíngue e africano, para acabar numa fase de extinção progressiva, por falta de renovação suficiente de seus falantes, sobrevivendo finalmente apenas em lugares confinados, sob forma de línguas cultuais ou secretas.