A dissertação apresenta a análise do filme "Narradores de Javé" (2003), de Eliane Caffé. A análise do filme suscita discussões sobre os sentidos da sociedade e os caminhos da construção do conhecimento histórico, pois o filme alude a vários problemas epistemológicos, como a posição do historiador e da história, a verdade absoluta e o caráter científico atribuído à escrita. Por meio da análise problematizamos o cotidiano que nos cerca, a partir das questões: como nos constituímos como grupo social? O que faz de uma comunidade, comunidade? Nossa hipótese mais plausível é que nossa lógica social é construída pela identidade, pela memória e por nossa maneira de entender os símbolos culturais. Na construção da análise discutimos o fato do cinema nacional problematizar a construção de uma identidade brasileira, que se revela relacional. Discutimos ainda o papel da memória e a contribuição da oralidade e da escrita na formação de uma sociedade, de forma que as representações sobre memória, oralidade e escrita presentes no filme sugerem o alargamento da memória social e o consequente estreitamento da memória individual em decorrência da difusão da escrita, revelando que as diferentes culturas geram modos de pensar específicos de acordo com o papel que nelas ocupam as expressões oral e escrita.