As decisões políticas da administração colonial na América hispânica em relação às línguas têm a ver diretamente com a catequese. Após a escolha das línguas a serem usadas para este fim, no caso as línguas gerais assim chamadas pelas funções de comunicação interétnicas, começa um debate dentro das ordens missioneiras sobre a capacidade de essas línguas comportarem a doutrina cristã. Para levar adiante a ação evangelizadora, investe-se na produção de Gramáticas, Dicionários bilíngues e propostas ortográficas para essas línguas que viabilizam a produção de catecismos. A questão debatida neste artigo está centrada nas políticas de tradução explicitadas pelos Concílios, que implicam, entre outros, a ressemantização dos termos étnicos que designam as entidades e as práticas das religiões andinas, num processo de satanização que pode ser observado nos Dicionários, na tradução à língua espanhola das entradas léxicas e, ao mesmo tempo, na incorporação de empréstimos do castelhano às línguas indígenas.
Palavras-chave: Tradução. Historiografia linguística. Lexicografia. Línguas indígenas. Política linguística.