Durante os primeiros anos de investigação do fenômeno que chamamos de “radioatividade”, ainda não havia uma teoria propriamente dita desses fenômenos. Durante essa fase pré-teórica, o trabalho de investigação científica era guiado por analogias e conjeturas. As técnicas experimentais utilizadas tinham também grande influência, limitando aquilo que podia ser observado ou testado. O trabalho inicial de Marie Curie, em 1898, dependeu fortemente do método elétrico de medida da radiação que ela utilizava. No entanto, o prosseguimento de seu trabalho dependeu basicamente da adoção da nova hipótese de que a emissão de radiação pelo urânio era um fenômeno atômico. Este artigo apresenta uma reconstrução do caminho seguido por Marie Curie nessa fase, discutindo especialmente as hipóteses e conjeturas orientadoras de sua pesquisa.