Relatam-se resultados de pesquisa realizada junto a trabalhadores que buscavam, por meio de uma Agência Recrutadora, serem contratados por uma empresa montadora automobilística. Procurou-se identificar nas fontes escritas e na voz dos candidatos e contratantes, em que medida o uso da linguagem interfere nas práticas de inclusão/exclusão no trabalho industrial. Percebeu-se que, no contexto atual, além do clássico ‘saber fazer’ associado à destreza manual, o sujeito pode ser incluído/excluído nos processos com base nos aspectos do ‘saber ser’ associado às novas exigências do trabalho flexível, tornando-se relevante a habilidade com as diferentes linguagens, a capacidade cognitiva e cultural. A pesquisa se apoiou em autores que discutem a relação Educação e Trabalho e em Bakhtin, Foucault e Certeau, cujas idéias contribuíram para o entendimento das práticas discursivas, bem como a atribuição dada à linguagem no processo de seleção estudado, sendo possível identificar as ‘estratégias’ do empresariado e as ‘táticas’ dos trabalhadores para ocuparem o ‘lugar’.
3551 0 bytes Anais 2004, V ANPED SUL, p. 190, 2004. http://