Durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939) operou-se um intenso debate ideológico entre as forças políticas que se confrontavam nos campos de batalha. Canções e cartazes de guerra foram eficientes instrumentos de divulgação das ideias de anarquistas, comunistas e nacionalistas. Tal debate, porém, já se havia anunciado nas duas primeiras décadas do século XX, quando esses grupos políticos veicularam suas ideologias por meio de textos ficcionais dirigidos às massas. Naquele contexto, o pensamento defendido pelos anarquistas circulou em mais de seiscentas novelas da série Novela Ideal, que visavam sobretudo à conscientização de seus leitores. O núcleo deste trabalho é a análise da ética libertária dessa produção ficcional que se constituiu como outro pólo de interlocução coerente com as demais formas de expressão usadas pelos anarquistas. Apesar da repressão a essa utopia, ela continua mobilizando, em outros lugares e tempos históricos, representações artísticas que atestam a permanência dos ideais ácratas como se observa, por exemplo, no texto "O curto verão da anarquia" e no filme "Terra e Liberdade".
Palavras-chave: Novela Ideal. Ficção anarquista. Propaganda ideológica. Guerra Civil Espanhola.