A obra "Dialecto Fronterizo en el Norte del Uruguay" (1965), de José Pedro Rona, funda um discurso sobre as línguas praticadas na fronteira do Brasil com o Uruguai. A história das ideias linguísticas sobre as línguas de fronteira se constitui nos discursos acadêmicos sobre o cruzamento das línguas portuguesa e espanhola nas zonas de fronteira. O espaço de enunciação fronteiriço se define como um espaço no qual se enunciam dizeres sobre as línguas. Esses dizeres têm sentidos políticos que determinam uma distribuição para as línguas, atribuindo-lhes uma hierarquia. Mas, no conjunto das línguas de fronteira, incluem-se práticas linguísticas que resultam do cruzamento entre as línguas dominantes na fronteira, o português e o espanhol. Desse modo, as designações, tomadas nesse trabalho, como categoria de análise, significam politicamente, porque uma vez nomeadas, as práticas do cruzamento entram também no quadro das línguas de fronteira. Nessa fronteira é a língua portuguesa e os dialetos de base portuguesa que determinam uma política de línguas.