Não existe discurso neutro. Todo discurso tem determinada intencionalidade, e a esta regra não escapa ao discurso literário. O escritor, invariavelmente, tem uma ideologia, e a obra que produz é o meio que utiliza para difundi-la. Dependendo da forma como a obra é configurada, pode não só influenciar o leitor, mas também persuadi-lo a adotar conceitos e práticas que sequer cogitaria se não tivesse sido inspirado pela leitura. A obra literária serve tanto para legitimar as instituições detentoras do poder, quanto para desmascará-las. Não só os revolucionários se serviram da arte para propagar a sua indignação e dar voz as suas reivindicações, também a Igreja e o Estado serviram-se dela para converter os fiéis e moralizar a população. Ao mesmo tempo em que age sobre a sociedade, o texto literário é influenciado por ela. Tal inter-relação se dá pelo fato de que todo discurso é originado dos discursos pré-existentes e, por sua vez, acabará se tornando parte do sedimentado cultural que servirá de base a outros discursos que surgirão com o decorrer da história.]
Palavras-chave: Argumentação. Literatura. Ideologias.